quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Jornada do Herói

Com o sucesso do Avatar, a jornada do herói voltou a ficar na moda, então eu lembrei que tinha escrito um conto nesse molde em 2005:


Essa é a história de uma formiguinha que não tinha nome. Lá no formigueiro, a única que tem nome é santa formiga rainha-mãe, que chama Edicleuza. As outras, coitadinhas, são só operárias, o mais próximo que têm de um nome é "ei, você".

Mas essa formiguinha em particular, podia não ter nome, mas tinha sonhos. O formigueiro ficava ao lado de um rio, onde estava sendo construída uma ponte. A formiguinha nutria secretamente o sonho de conhecer a outra margem do rio, onde, diziam, era tudo tão farto que as pessoas jogavam até açúcar no chão.

Aproveitando que barcos iam de uma margem a outra levando materiais de construção, a formiguinha foi então em busca de seu destino. Subiu na calça de um operário, e de carona pegou o barco até o outro lado.

Lá ela ficou maravilhada! Tudo aquilo que falavam, era verdade! Teve um local em especial onde ela viu muito açúcar; se não tivesse visto, ela nem sequer conceberia que existia tanto açúcar no mundo! Chamava-se fábrica da união, parece. A formiguinha ficou lá muito tempo, dias, meses, se deliciando com o açúcar.

Mas certa hora bateu a saudade, ela queria ver as companheiras, contar para a santa formiga rainha-mãe a imensidade de açúcar que tinha do outro lado. Então ela fez o caminho de volta, e notou que não haviam mais barquinhos, a ponte estava pronta. Mas apesar disso, ela não conseguia passar pela ponte! Tinha um abismo enorme no meio da ponte, grande demais para que ela pulasse!

A formiguinha ficou triste, e perambulou pelas redondezas. Precisava achar um jeito de voltar. Enquanto andava, distraída, acabou caindo num buraco, onde encontrou uma lagartixa muito sábia. Era tão sábia, que a forminguinha nem conseguia entender tudo que ela falava!

A lagartixa chamava-se Joaquim, e ela falou sobre dilatação, e coeficiente de expansão. Tudo que a pobre formiguinha entendeu é que devia esperar o dia mais quente do ano pra passar sobre a ponte, que o abismo iria sumir magicamente.

A formiguinha, então, fez um acampamento na base da ponte. Esperou, esperou, esperou. Por causa das falhas na camada de ozônio, o dia mais quente do ano caiu no meio do inverno. A formiguinha, então, constatou que o abismo tinha mesmo sumido!

Toda feliz, ela atravessou a ponte, contente por finalmente reencontrar sua família! Alegre por contar a todos suas aventuras do outro lado! Entusiasmada por contar à santa formiga rainha-mãe a imensidão de açúcar que lá havia!

E quando ela finalmente chegou na outra margem do rio, um tamanduá chamado Ricardo comeu a formiguinha e disse "hum, devia ter colocado mostarda".

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Final

Acho que nem todo mundo sabe, mas eu sou a ovelha negra da família. Embora eu tenha seguido a carreira de exatas, engenharia e computação, a tradição na minha família é outra: são todos artistas. A minha bisavó era atriz de cinema na época da Atlântida, o meu avô era locutor esportivo e apresentador de tv, meu irmão é professor de artes e até a minha esposa é ilustradora.

Já eu, se tinha algum talento para as artes, acabei desperdiçando quando resolvi seguir a vida de engenheiro. Mas de vez em quando ainda bate uma coceira, e eu acabo produzindo algumas bobagens artísticas. Espalhado pela web tem um monte de contos, vídeos e ilustrações que eu fiz, e eu resolvi criar esse blog pra juntar todo esse material que está perdido por aí.

Mas vamos lá. Se esse fosse um blog de exatas, eu começaria pelo começo. Mas como é um blog artístico, eu posso ser não-convencional e começar pelo final!

Lá pelos idos de 2005 eu estava numa fase criativa boa, escrevendo muitos contos. Mas eu notei que embora eu até tivesse alguma habilidade em começar um conto de uma maneira envolvente, era muito difícil escrever um final à altura. Por isso eu resolvi inverter. Será que, ao invés de escrever um começo de conto envolvente, eu conseguiria escrever só o final do conto, de modo que o leitor ficasse com vontade de saber a história que veio antes? Os resultados ficaram divertidos :)


No final, ela perdeu os quatro dentes, mas ganhou um namorado. Se soubesse que era tão fácil, teria usado o martelo antes.


A Sra. Oliveira ainda não tinha entendido o que aconteceu. Só foi entender quando achou, debaixo de seu travesseiro, a peruca do falecido!


Se é verdade que o cão é o melhor amigo do homem, Janaína não sabe. Mas naquele dia, ela teve certeza que o guaxinim é o melhor amigo da mulher.


Somente tarde da noite conseguiram escavar a ossada da menina. Junto com os ossos, o caderno de notas. Como o detetive suspeitava, a última das mensagens era "pra mim, meia muzzarela e meia pepperoni".


Irada, ela disse: "Você não tem o direito de fazer isso, só porque eu sou personagem da sua história!". Então ela saltou da página, e matou o escrit


E todos viveram felizes para sempre, exceto João Carlos, que continuava com hemorróidas.